domingo, 23 de setembro de 2012

A Alegria de Ensinar - Rubem Alves


“Ai daqueles que não morderam o sonho e de cuja loucura
nem mesmo a morte os redimirá”. (Paulo Leminski) 

A Alegria de Ensinar encontra-se no deleite da alma do educador ao fazê-la. Rubem Alves nos transporta à fundamentação principal da Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire, que divide a escola em dois patamares, o primeiro domina e o segundo é dominado.
Ao invés de se realizar uma educação que instigue e desperte o potencial adormecido dentro de cada aluno, nos é escancarado o processo de aprendizagem falho, fixado ao conhecimento de mundo (o mestre lhe entrega um mapa pronto), aquele que priva o aluno da descoberta do que lhe gera alegria e consequentemente a sabedoria.

Temos representada na obra uma educação sistematizada em função do favorecimento de interesses individuais, ou seja, ocorre uma limitação de sonhos, onde se pode pensar sim, mas da forma como o mundo do trabalho determina, e este, por sua vez, enxerga a educação como meio de obtenção e utilização de serviços, direcionando cada aluno novamente para o seu “casulo”.

O medo do aventurar-se limita a tradição sedimentar de que caminhos não explorados geram riscos. Os profissionais da educação não podem simplesmente repetir as mesmas receitas e seu mesmo modo de preparo, afinal, pode acontecer de um determinado ingrediente faltar ou seu modo de preparo ser esquecido, e então, o que deverá ser feito? Uma forma alternativa, essa é a resposta! E ela nos é proporcionada pela sabedoria, que suprirá a falha de uma receita! Função da educação: mostrar que as possibilidades e alternativas são inúmeras fora do “trilho” e que existem caminhos ainda não descobertos, os quais poderão ser explorados pelo agente pensante, sonhador e com o poder da palavra: o aluno.

Através de diversos contos subliminares, o autor dilacera a realidade presente diante de nossos olhos, realidade essa onde a sabedoria é descoberta através do esquecimento daquilo que julgamos um dia ter aprendido e a intolerância do mundo do trabalho, demonstrando sede pelo encontro de um profissional adequado para sua lacuna comercial...

Conclui-se então que o Da Vinci, as borboletas, a Mariana, as palavras, as bolinhas de gude, as ideias, os sonhos, o desconhecido, os voos, o pensar e finalmente o carrinho, foram todos enlatados e colocados na prateleira empoeirada do mundo do mercado, com os seguintes dizeres: “ATENÇÃO: produtos com qualidade de pensamento e imaginação, ou seja, imprestáveis para o serviço da sociedade!”. Certo de sua compreensão! Atenciosamente: Gorda Lagarta que não tem coragem de se desprender das seguras folhas onde rasteja.

Referências:
ALVES, R. A alegria de ensinar. 14. ed. São Paulo: Papirus Editora, 2000.
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. 50. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2011. 
 
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(Texto de autoria de Emanuelle Milek, 2012 - Todos os direitos reservados - proibida a cópia integral ou parcial).

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